Por: Alexandre Damazio
Sem nome, sem identidade e sem renda, uma verdadeira massa de pessoas sujas, vestidas com trapos e famintas tomou conta das ruas da Grande Vitória empurrando seus carrinhos abarrotados de materiais recicláveis.
São homens, mulheres e crianças que utilizam carrinhos de supermercados, de bebê e de rolimã improvisados como meio de transporte para garrafas plásticas, latinhas, papelão, alumínio, cobre e o que mais couber.
O objetivo é um só: percorrer o máximo possível de ruas e avenidas revirando o lixo dos mais abastados para garantir o mínimo de material reciclável que será vendido, trazendo a esperança de uma refeição diária. Talvez a única.
A Dona Dora é uma dessas pessoas. Ela mora no morro dos Alagoanos, em Vitória, e, mesmo catando material do lixo para sobreviver, se orgulha de ter uma casa e um teto sobre a cabeça para abriga-la.
“Consigo ganhar R$18, R$20 todos os dias catando e vendendo material que cato nas ruas e também ganho das pessoas. Estou lutando para receber minha aposentadoria, mas o governo não quer dar. Prometeram para o ano que vem. Tenho uma casinha humilde, mas manter as despesas está muito difícil”, revela.
Com lágrimas que escorrem pela face e se misturam com a poeira, com a lama e com a tristeza de quem, aos 60 anos, deveria estar aproveitando o restante de vida que lhe cabe, Dona Dora segue seu caminho, empurrando o carrinho com algumas roupas, escoltada por cinco cachorros.
Iguais à ela, flagrei dezenas de pessoas pelas ruas da Grande Vitória. Um deles, que se identificou apenas como Igor, parece ter problemas psicológicos. A fala confusa e desordenada, dá o tom de quem não sabe para onde ir, mas sabe que precisa chegar.
“Não tenho casa não. Cato aqui na rua e vendo. Mas é pouco. Queria uma casa, comida na mesa. Mas não dá. Ninguém ajuda”, lamenta.
Outro catador que empurra seu carrinho de bebê nas proximidades do Sambão do Povo, em Vitória, é Claudemir. Idoso, cansado e sem perspectiva, ele desabafa. “Morrer não é uma ideia ruim agora não”, revela, triste.
Em Vila Velha a situação não é diferente. A fome formou verdadeiros bolsões de pobreza, criminalizando uma multidão de pretos, pobres e desvalidos. Nas imediações do Terminal de Vila Velha é possível ver um terreno baldio onde essas pessoas queimam fios de cobre, empilham papelões, garrafas e escondem a dignidade perdida.
Ajuda? Não, não há. Nas prefeituras essas pessoas não encontram amparo. Primeiro porque não têm documentos, segundo porque, em situação de rua, ninguém os quer por perto.
O pouco que conseguem vem de voluntários, que servem marmitas, doam roupas e cantam louvores, como forma de atenuar a dor de todos.
Não entrei, nesta reportagem, na tragédia social causada pela pandemia. Essa foi ainda mais devastadora na vida de quem não tem sequer o que comer, quanto mais uma máscara ou álcool 70% para evitar o contágio.
Ouça o depoimento emocionado da Dona Dora. Um relato de quem precisa de amparo, comida e dignidade:
Fotos: Alexandre Damazio
É lamentável a situação dessas pessoas. O estado não oferece aí se o mínimo para sua sobrevivência, e ainda nega um direito subjetivo garantido por lei, que é o direito a Aposentadoria. Que as nossas políticas públicas saia do papel entre na prática para mudar a situação dessas pessoas, pois ao contrário, todos nós já sabemos: índices de violência só aumentará a cada dia. Aposentadoria. Que as nossas políticas públicas saia do papel entre na prática para mudar a situação dessas pessoas, pois ao contrário, todos nós já sabemos: índices de violência só aumentará a cada dia
Infelizmente é uma triste realidade vivida nos dias de hoje!
Uma realidade que se desenhou anos atrás, mas que, a sociedade junto com poder público não deu a atenção necessária. Segundo estudos a tendência e triplicar essa realidade. Algo precisa ser feito.
Medidas precisam se adotadas imediatas.e triste ver isso nas ruas e se sentir impotente ..