Aqueles seres pequeninos que iluminavam as noites de quando eu era criança!
Cadê aqueles bichinhos que cintilavam suas luzes e testemunharam a época em que eu andava descalço, com um puxa-puxa na boca, um estilingue nas mãos e sonhava ser gente grande?
O que estarão fazendo nesse exato momento, nesse instante em que tenho um cigarro na boca e apenas calos nas mãos? Onde se esconderam, e por que?
É, muitas noites se passaram, eu cresci como queria, sou gente grande agora e não vi o tempo passar. E o tempo passou tão depressa, trouxe tantas mudanças, construiu muros invisíveis, levou tanta gente, dispersou outras tantas, separou tanta coisa, que já não encontro a criança que sorria e brincava com os pequeninos PIRILAMPOS.
É, tudo passou como sempre passa: COMO UM RAIO! Nada me esperou. Restou somente a saudade daquelas noites escuras e agora, completamente vazias, sem puxa-puxas, sem estilingues e sem PIRILAMPOS. Mas, se as noites ainda existem e resistem até hoje, onde estarão os PIRILAMPOS?
Será que ainda existem, ou simplesmente cresceram e mudaram como eu? Sim! Eles ainda existem e, com toda certeza enfeitam e iluminam as noites de outro alguém. Só não aparecem mais pra mim, pois perderam o encanto gracioso de iluminarem as noites de quem cresceu, mudou como o vento, e se perdeu da criança que se foi com a mudança do tempo.
Alguém que cresceu, ganhou e perdeu, e não consegue mais vê-los com os olhos que tinha, antes de ter crescido como queria e ter sabotado os sonhos que sonhava no tempo em que era criança. Mas, aonde estarão os PIRILAMPOS que povoam as minhas lembranças e voam livres nos sonhos que ainda sonho, se sempre que olho no espelho consigo ver no fundo dos meus olhos, o brilho daquelas noites, o puxa-puxa, o estilingue, e também o sorriso de alegria daquela mesma criança?
por Paulo Roberto Amorim