Política em um minuto – 09/10/2023
Um almoço no restaurante Aleixo, no dia 05 de outubro, evidenciou o racha que existe na base de apoio da Procuradora-geral de Justiça do Estado, promotora Luciana Andrade. Capitaneado pelo ex-procurador geral, desembargador Eder Pontes, o convite para o almoço tinha como objetivo uma simples confraternização, mas os convidados foram surpreendidos com o anúncio feito pelo desembargador de que o promotor Danilo Raposo seria o candidato do grupo.
Ainda durante o anuncio, Eder Pontes afirmou que Luciana estava “teimando” em indicar o procurador Francisco Berdeal para a sucessão e, por isso, Eder resolveu lançar logo o nome de Danilo para combater o crescimento da oposição. O constrangimento com o anúncio se deu por conta das presenças dos Subprocuradores-Gerais de Justiça e até então aliados de Luciana. O próprio promotor Danilo Raposo ocupa lugar de destaque na administração de Luciana no cargo de chefe de gabinete.
Nos bastidores o que se comenta é que Luciana perdeu força desde que seu candidato foi derrotado na disputa pela presidência da Associação dos Promotores. Relembre o caso:
Interferência do TJ na eleição para Procurador-geral de Justiça?
Segundo fontes, esta ação política, com a participação do desembargador Eder Pontes, não foi bem recebida pela classe, que enxerga uma intromissão indevida do TJES no processo, desrespeitando a autonomia do MPES. Também pegou mal no TJES o fato de o gabinete do desembargador Eder Pontes ser utilizado para reuniões com promotores para debaterem a sucessão de 2024. A Corte, historicamente, não gosta de ver sua institucionalidade e estrutura usadas senão para seus próprios fins.
Hoffmann fala pela Ales ou pelo Governo?
A classe tem visto com ressalvas outra interferência externa, também sem precedentes nas disputas do MPES: o deputado estadual Tyago Hoffmann tem participado das conversas com promotores em prol da campanha de Danilo Raposo, inclusive dentro do gabinete do desembargador Eder Pontes no TJES. O deputado contactou membros do MP pessoalmente.
Luciana Andrade é ou não é aliada do Governo?
A atual PGJ Luciana Andrade tem um grande problema para resolver. Seu grupo rachou e ela está sendo atropelada pela condução de um desembargador do TJ, antigo e conhecido aliado, e do deputado Estadual Tyago Hoffmann, que era visto como seu maior aliado político.
A atuação do deputado tem causado desconforto. A interferência de Hoffmann passa a ideia de que o Governo do Estado e a Ales estão trabalhando nos bastidores para eleger Danilo. Será?
Relação azedou
Uma fonte do MPES informou que o clima entre a Luciana Andrade e seu chefe de gabinete Danilo Raposo não anda nada bem, tendo a Procuradora Geral inclusive atribuído a ele algumas decisões erradas em sua gestão, que produziram conflitos e turbulências, insinuando inabilidade do chefe de gabinete. Outra fonte afirmou que Luciana prefere o promotor Francisco Berdeal para sucedê-la porque, além da afinidade pessoal, considera seu nome mais leve para ser aceito e votado pelos membros da Instituição e assim, entrar na lista tríplice a ser enviada ao Governador, que escolherá um dos três nomes mais votados. Danilo seria muito mais pesado pela falta de carisma, de acordo com essa avaliação.
Gostem ou não, Luciana Andrade ainda possui a caneta
Uma análise mais fria indica que se engana quem acha que a Procuradora não vai reagir a essa insubordinação e desrespeito. Aliados de Luciana não aceitam o fato do almoço que lançou Danilo Raposo a sucessão ter acontecido durante o congresso promovido por Luciana. Apelidados de “Grupo do Aleixo”, o desembargador Eder Pontes e o promotor Danilo Raposo provocaram um desconforto à Luciana que estava focada em receber os convidados do evento.
Nos corredores do congresso uma pergunta circulava: Luciana conseguirá resolver esta crise instalada? Se resolver, sairá grande, com liderança fortalecida. Se não, terá que se submeter ao seu chefe de gabinete Danilo Raposo, caso seja vitorioso no pleito de 2024.
