No próximo dia 9 de junho, o presidente eleito do PT (Partido dos Trabalhadores), João Coser, assume o Diretório Estadual em meio a uma crise interna. Além da vitória de Coser ser questionada pelo deputado federal Givaldo Vieira por irregularidades durante o processo eleitoral para o comando do partido, os problemas enfrentados pelo PT ultrapassam o campo político. Isso porque o Diretório Estadual responde na justiça por uma cobrança relativa à campanha eleitoral de 2014.
A cobrança feita na justiça pela produtora Clacket Films é referente ao serviço de produção de vídeo e de áudio realizado para as campanhas dos candidatos a governador, deputados estaduais e federais. “Fomos contratados pelo Diretório Estadual em reunião realizada com toda a executiva no mês de junho de 2014. Os detalhes foram tratados posteriormente em reunião com João Coser e com o candidato ao Governo do Estado, Roberto Carlos. Inicialmente, faríamos a campanha do candidato ao governo, mas a pedido do próprio João Coser assumimos também a campanha dos proporcionais”, explica um dos sócios da Clacket Films, Francisco Carvalho.
O contrato assinado em junho de 2014 não foi pago e o diretório do PT no Espírito Santo, respaldado pelo Diretório Nacional, conforme comprova documento anexo, propôs um acordo com a produtora e um novo contrato foi assinado em outubro do mesmo ano.
“A documentação que compõem os autos é inequívoca, não deixando qualquer margem de dúvidas acerca da prestação de serviços realizada, bem como ter sido reconhecida, autorizada e chancelada pelo diretório nacional do PT. Uma simples análise dos documentos e se verificará que o processo fala por si ante a veracidade dos fatos e ante o não pagamento”. Declararam os advogados da empresa Alexandre de Lacerda Rossoni e Claudia Ferreira Garcia.
A equipe do portal Realidade Capixaba teve acesso à cópia do acordo assinado no valor superior a R$ 1 milhão. “O acordo foi feito a pedido do Diretório Estadual juntamente com todos os 37 funcionários da campanha que estavam sem receber. Foi uma reunião tensa e que contou com a participação da deputada federal Iriny Lopes, do deputado estadual Roberto Carlos, João Coser e demais membros da Direção Estadual. A reunião aconteceu depois do primeiro turno da eleição, no mês de outubro, e ficou decidido que a deputada federal Iriny Lopes iria à Brasília para se reunir com o tesoureiro do PT, João Vacari, para que o pagamento do acordo fosse efetuado, mas infelizmente não pagaram”, conta o diretor de TV, Marcelo Queiroz.
Dívida é cobrada na justiça
Nas prestações de contas das campanhas dos candidatos a deputados federal, estadual e ao Governo do Estado constam que os valores foram quitados, mas a informação não é verdadeira. O portal Realidade Capixaba se reuniu com uma parte da equipe que trabalhou na campanha e que cobra na justiça o valor devido. Por medo de represálias os credores pediram para não serem identificados, mas autorizaram a reprodução do conteúdo da conversa.
Segundo eles, o PT se comprometeu em quitar o debito ainda no ano de 2014 e por isso uma nota fiscal foi emitida e entregue ao Diretório Estadual. Essa nota foi anexada à prestação de contas dos candidatos, mas o valor nunca foi pago.
“Hoje sabemos o verdadeiro motivo do não pagamento. Quando olhamos os escândalos envolvendo as denúncias feitas pela Lava Jato constatamos que o valor não foi pago porque a torneira do PT secou. Já tivemos três reuniões com o atual presidente Genivaldo Lievore e a resposta é que estão tentando resolver. Nosso trabalho foi honesto e ficamos sem receber. O valor parece alto, mas quando dividimos por 34 funcionários e também descontamos os alugueis de equipamentos e do imóvel que também não foram pagos percebemos que não é muito”, disse o produtor da campanha que pediu para não ser identificado.
A esperança da equipe é que João Coser efetue o pagamento. “Tudo começou com uma reunião com João Coser, espero que ele se sensibilize e cumpra o que foi combinado. Vamos comparecer a posse dele e esperamos ser ouvidos”, contou um dos cinegrafistas da produtora.
Entre multa e juros o valor da dívida chega a mais de R$ 2 milhões. No mês de novembro de 2016, dois anos depois de o contrato ser assinado, um despacho no processo determinava o pagamento em um prazo de até 15 dias, mas como demonstra os documentos anexados, o oficial de justiça não conseguiu encontrar o atual presidente do PT para entregar a citação.
A equipe do portal Realidade Capixaba entrou em contato com o Diretório Estadual do partido e a resposta foi que a questão está sendo tratada na justiça.
Veja abaixo documentos que o Realidade Capixaba obteve com exclusividade sobre dívida milionária do PT que se arrasta desde 2014:
Termo de assunção de divida assinado por João Coser.