Política em um minuto – 26/09/2023
O MDB já foi o maior partido do Espírito Santo, mas a realidade hoje é bem diferente. Presidido pela ex-senadora Rose de Freitas, o MDB foi esvaziado e nas eleições de 2022 não conseguiu formar chapa para deputado estadual e deputado federal. Rose usou a “máquina” do partido e todos os recursos possíveis para tentar se reeleger senadora. O resultado foi desastroso. Rose perdeu a eleição e conseguiu reduzir o antigo PMDB capixaba a um partido de “pastinha”. Nem a imponente sede do partido ela utiliza. Centralizadora, a ex-senadora atende em sua residência os poucos aliados que ainda lhe restam.
Novas eleições?
Desafiada por um grupo histórico do MDB, Rose teve que convocar novas eleições e o resultado foi um retrato fiel do prestígio político da ex-senadora. Sem conseguir formar uma chapa com representantes de todas as regiões de forma igualitária, Rose de Freitas recorreu a Marcelino Fraga. Mesmo expulso do partido, Marcelino ajudou Rose a montar uma chapa para enfrentar Lelo Coimbra, que foi escolhido pelo grupo histórico do MDB para encabeçar a chapa de oposição. O resultado da eleição foi 27 votos para a chapa de Rose contra 27 votos para a chapa de Lelo.
E agora?
Quando apurados os votos, um silêncio tomou conta da convenção do MDB até que Rose de Freitas se declarasse vencedora: “Sou a mais velha e, por isso, sou a vencedora. Está no estatuto do partido como regra para desempate”.
Atônitos com o anúncio, todos acreditaram na ex-senadora e começaram a definir a forma como a executiva seria composta. Até que, depois de consultar o regimento, um integrante do partido anunciou: “Rose está mentindo. O regimento não prevê desempate por idade. Ela está tentando ganhar no grito”.
A partir desse momento presenciamos troca de acusações, decepções e incertezas. Novas eleições? Ninguém sabe.
Quem comanda o MDB?
No Espírito Santo, o partido está sem comando. Rose teve seu mandato temporário encerrado no dia da votação e foi para casa com o partido em baixo do braço. Lelo entrou com um recurso e aguarda a manifestação da justiça – que sentou no processo e não se manifesta. Por enquanto, o MDB continua do jeito que a ex-senadora queria: dentro de uma pastinha.
E o governo?
Aliados de Lelo acusam integrantes do governo do estado de pressionarem as bases do MDB a votarem em Rose. Segundo denúncia, Rose convenceu o governador Renato Casagrande (PSB) que se Lelo assumisse o partido, o MDB seria a “porta de entrada” para Paulo Hartung retornar ao comando do estado.
Renato não precisa ter medo
Já chegou a hora de Renato Casagrande, com sua aprovação em mais de 70%, esquecer Paulo Hartung. Ao conversarmos com representantes da base do MDB em todas as regiões não obtivemos nenhum relato de interferência do ex-governador no processo. O nome de Paulo Hartung surgiu depois que Rose percebeu que não possuía maioria no partido. Coincidência?
Justiça analisa registros ilegais
Existe uma denúncia sendo analisada pela justiça de que a ex-senadora Rose de Freitas criou novos diretórios municipais depois do edital da eleição ser publicado, o que fere o estatuto do partido. Segundo consta na denúncia, foram 10 diretórios criados de forma ilegal. Uma fonte do MDB informou a nossa equipe que a ex-senadora registrou propositalmente fora do prazo para que a eleição fosse anulada e ela tivesse mais tempo para convencer a base a mudar o voto que seria de Lelo a votar nela. Para isso, Rose conta mais uma vez com o apoio do Governo que ainda se assusta com o “fantasma de PH”.
Eleições municipais 2024
Existe uma grande preocupação na base do MDB que observa a ex-senadora entregar os rumos do partido aos aliados do PSB em troca de se manter no comando da sigla. Se essa informação for verdadeira – ainda não existe confirmação – o MDB teria que caminhar com o PSB nos municípios onde os socialistas fossem cabeça de chapa. Se acontecer, será a última pá de cal que o grupo político de Renato Casagrande joga no antigo PMDB.