O Flamengo corria contra o tempo para finalizar as reformas do estádio da Portuguesa, onde mandará jogos por pelo menos três anos. O objetivo era estrear na Copa Libertadores dia 8 de março, contra o San Lorenzo, na Ilha do Governador. Mas o tempo poderia ser curto para obtenção de todos os laudos e autorizações, com isso, era preciso encontrar outro estádio na cidade do Rio de Janeiro.
Se mandasse a peleja em Brasília, por exemplo, o clube correria o risco de ser obrigado a lá realizar os demais cotejos pela Libertadores. Dependeria de autorização da Confederação Sul-americana para alterar o local de suas partidas. Como os rivais Botafogo e Vasco não cederiam Engenhão e São Januário, os rubro-negros foram atrás do Maracanã. E conseguiram um acordo específico para este jogo.
As despesas para colocar o Maracanã em condições serão bancadas pelo Flamengo, que inspecionou o estádio. O clube poderá arrecadar mais do que se jogasse na Ilha (após a ampliação terá 20,5 mil lugares), mesmo com capacidade reduzida — é possível que o palco da final do Mundial 2014 seja reaberto para menos do que seus 78.838 lugares, devido aos problemas causados pelo abandono pós-olímpico.
A oportunidade de estrear na Libertadores no Maracanã vinha sido trabalhada há algum tempo pelos rubro-negros. Não por acaso, a Odebrecht convocou a empresa que cuida do gramado. Ela voltou a tratar do piso na sexta-feira. O prazo até o confronto com os argentinos é considerado suficiente para sua recuperação. O cenário era pior após a Olimpíada, que até buraco no campo deixou.
Colocando o Maracanã em condições para o dia 8, o Flamengo terá dado bela cartada, estreando no Rio de Janeiro, caracterizando a cidade com sua sede na Libertadores, atraindo mais torcedores e com chances de faturamento maior. Simultaneamente, poderá concluir calmamente as obras na Ilha, opção para a maioria das partidas, inclusive algumas do torneio sul-americano.
A questão passa a ser outra. Se em poucos dias o Maracanã for colocado em condições de uso, até que ponto são reais os relatos de que o estádio precisaria de investimentos de muitos milhões de reais para ser recuperado. Que estava se deteriorando, abandonado, largado, não resta dúvida. Mas será que os problemas da “arena” padrão Fifa são tão graves ou houve uma, digamos, dramatização?
Há ainda o Fluminense, que por contrato poderia jogar lá sem custo. Mas o estádio que não está à disposição dos tricolores receberá o Flamengo. Confuso, não? Em meio à disputa para saber quem ficará com o Maracanã, Lagardére ou CSM/GL Events, marcada por boatos e informações desencontradas, a volta repentina do futebol ao local despertará dúvidas, discussões, reflexões. E cálculos.
A matemática pode pesar mais um pouco em meio a lobbies e ao jogo político que envolve o estádio que custou R$ 1,2 bilhão.
fonte: http://espn.uol.com.br/blogs/maurocezarpereira