Coluna: E aí, eleitor: é fake ou não é?
As próximas eleições municipais só acontecem em outubro de 2024, mas é em 2023 que os prefeitos precisam construir uma imagem na mente do eleitor e assim conseguir um caminho mais tranquilo até a reeleição.
E aí eleitor: é fake ou não é? Uma coluna com o objetivo de fiscalizar como os prefeitos se comunicam com a população através das redes sociais.
Vitória
Nessa semana, a postagem relacionada ao trabalho do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) que mais chamou a atenção foi da inauguração da nova área de lazer da comunidade de Boa Vista. Pazolini, em uma clara tentativa de se inserir na festa da comunidade, assumiu o papel de Ivete Sangalo e tentou agradar a população apresentando mais uma lamentável performance de prefeito/cantor. O prefeito deveria focar sua comunicação no trabalho realizado, que parece ter agradado a população e parar de tentar ser popular imitando o prefeito de São Mateus, Daniel Santana que, por sinal, também não sabe cantar.
Vila Velha
O prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) continua utilizando todo o trabalho da comunicação institucional como forma de se promover. Já no início do seu mandato essa atitude foi questionada pelo núcleo de pesquisa Observatório da Mídia, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mesmo assim, o prefeito continua aparecendo mais do que o serviço prestado à população.
Serra
Já na Serra, as redes sociais da prefeitura e do prefeito apresentaram uma série de vídeos e fotos dos serviços prestados à população. A informação mais relevante foi uma postagem sobre o Hospital Municipal Materno Infantil (HMMI) que completou um ano de funcionamento. O que se percebe é que a comunicação está mais focada na ação da gestão do que na promoção pessoal da imagem do prefeito. Parabéns para a comunicação do prefeito e para o gestor Sérgio Vidigal (PDT) que respeitaram a Lei de publicidade e se preocuparam em informar a população.
Cariacica
O prefeito Euclério Sampaio (DEM) mantém o mesmo formato de comunicação desde o início do trabalho. Começa o dia divulgando a hora que chega para trabalhar – normalmente antes das 6 horas da manhã – e, ao longo do dia publica vídeos, nos quais mostra visitas às obras e as ações da prefeitura, apresentando informações claras e abrindo espaço para os secretários e encarregados do serviço prestarem esclarecimentos à população. Parabéns ao prefeito e sua equipe de comunicação que apresentam diariamente como estão gastando o dinheiro público.
Viana
A comunicação feita pela prefeitura de Viana possui um caráter institucional de prestação de contas do serviço prestado. Mas, se faz necessário registrar que a insistência em expor a imagem do prefeito Wanderson Bueno (Podemos) em grande parte está em desacordo com a impessoalidade exigida pela Constituição Federal no artigo 37 sobre publicidade.
Fundão
A comunicação da prefeitura de Fundão acerta quando adota uma postura de dar publicidade aos atos públicos sem associar o serviço prestado a imagem do prefeito. O equívoco identificado foi usar um texto na primeira pessoa ao dizer que o “prefeito convida” para o Carnaval da cidade. Deveria ter mantido a coerência e dizer que a “prefeitura convida”.
Artigo 37 – Constituição Federal
O Artigo 37 da Constituição Federal de 1988 (CF/88) diz que “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade”. A promoção da imagem não pode ser confundida com a comunicação institucional.
Se a gestão trabalha e divulga as suas ações, mantém na memória o serviço executado e, consequentemente, o gestor estará vinculado de forma positiva na mente dos cidadãos. Quando a comunicação tem base na emoção e é atrelada a propaganda, o foco é pessoal tira o caráter informativo e parece que o político eleito (governador, prefeito, vereador…) continua fazendo campanha política.
Em tempo
O prefeito de Guarapari, Edson Magalhães, está no segundo mandato consecutivo, assim não vai participa da disputa em 2024, por isso, não entra nesta análise.
Por:
» Marcelo Paranhos é jornalista, consultor de Marketing, com 30 anos de experiência em campanhas eleitorais.
» Stéphane Figueiredo é publicitária, mestre em Comunicação e Territorialidades, com experiência de 10 anos em campanhas eleitorais.