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2022: o ano em que o Sistema derrotou o WhatsApp

Política em um minuto – 02/11/2022

Não existe uma fraude na votação do dia 2 de outubro de 2022 tanto quanto não existe uma fraude na votação que elegeu Lula presidente em 30 de outubro de 2022. Não adianta perícia nas urnas, nada será encontrado. Mas, isso não significa que as eleições para presidente foram legítimas.

A “fraude” procurada por Bolsonaristas possui roteiro de Netflix escrito ao longo de quatro anos. Não se trata de uma “fraude” mecânica que interferiu no processo de apuração dos votos. Nenhum técnico de informática vai conseguir encontrar a “fraude” nas urnas porque ela não está do lado de dentro. A “fraude” procurada por caminhoneiros e alardeada por Bolsonaristas em todo o país não fica dentro da caixa de votação. A “fraude” esteve do lado de fora da urna o tempo todo. Enquanto milhões de sherlocks tentam desvendar o mistério das urnas fraudadas, o Sistema que combateu Bolsonaro assiste a uma choradeira sem fim que possui um objeto de investigação errado. Ao invés de técnicos de informáticas, os Bolsonaristas precisam encontrar um Patrick Jane capaz de interpretar a mente de cada eleitor. A “fraude” não está dentro da urna e isso é um fato que precisa ser aceito.

A “fraude” esteve no dia 30 de outubro, das 8 às 18h, em frente a cada urna de votação espalhadas pelo país. Na verdade, a “fraude” foi construir um imaginário coletivo, quase uma histeria, que contaminou milhões de brasileiros que acreditaram que votar em Bolsonaro seria pior do que votar em um ex-condenado que nunca foi inocentado. Não se trata de uma “fraude” no sistema. Se trada de uma “fraude” planejada e executada pelo Sistema.

Uma guerra de narrativas travada entre um presidente da República e um Sistema que não aceitou a mudança na regra do jogo. A “fraude” se iniciou em outubro de 2018 e deveria ter seu ciclo encerrado no dia 30 de outubro de 2022. Mas, essa guerra que será dividida em várias batalhas. A primeira foi vencida pelos Bolsonaristas em 2018, que possuíam um único elemento em comum: o ódio ao lulopetismo. A segunda batalha foi vencida pelo Sistema que se formou motivado por um único fato em comum, todos foram retirados do jogo. Se não fosse assim, como explicar Alckmin vice de Lula? Ciro declarar apoio ao “encantador de serpentes corrupto”? Marina, preterida por Lula em detrimento de Haddad, retornar ao ninho petista sem se preocupar com a própria biografia? Sem falar das muitas Simones Tebetes que emprestaram novas caras ao velho pragmatismo do PMDB.

A lição que fica aos Bolsonaristas é que a estratégia da vitória conquistada em 2018 em apostar apenas no WhatsApp como ferramenta de comunicação se tornou obsoleta. Essa mesma ferramenta que os Bolsonaristas acreditavam ser exclusiva deles serviu de instrumento para o Sistema evoluir.

Para quem ainda não entendeu: A fraude está posicionada dentro da mente de milhares de brasileiros que decidiram votar em um ex-condenado como presidente com base nas informações veiculadas pela grande mídia e amparadas pelo judiciário. A estratégia de retirar Lula da cadeia para derrotar Bolsonaro se mostrou eficaz e contou com um exército de inimigos que em comum buscavam um único objetivo, voltar ao jogo.

Culpados?

Da mídia que enterrou por vez a imparcialidade, da justiça que passou a enxergar, mas apenas em uma direção, dos inimigos que se tornaram melhores amigos e do eleitor que se permitiu convencer através de uma narrativa construída pelo Sistema, todos são culpados, por ação ou omissão. Até os milhões de ausentes e os eleitores que preferiram votar nulo serviram ao Sistema. Em uma guerra eleitoral não existe espaço para o neutro. Os “sem lado” também serão governados pelo Sistema. Por manobra ou massa da mesma. Todos fizeram parte dessa grande fraude ideológica que construiu uma narrativa e trouxe de volta o Sistema ao poder. Para quem se absteve de participar do processo, fica o prêmio de consolação de poder usar a camiseta “eu não votei nele”, mesmo que essa seja usada para frequentar os mesmo hospitais e escolas daqueles que preferiram escolher um lado.

E os caminhoneiros?

Esses mostram que a guerra ainda não terminou e a próxima batalha está marcada para outubro de 2026. A não ser que o Sistema se consuma em uma luta de desiguais em busca do poder.

E como contar essa história aos nossos filhos?

Essa história deverá ser contada não por quem venceu uma ou outra batalha. Essa história será contada em um tempo distante, quando os agentes envolvidos não mais ocuparem a cadeira de presidente e a saudosa imparcialidade retornar a academia e as páginas dos jornais. Essa história não será contada por quem integra um Sistema capaz de convencer milhões de brasileiros a fazerem parte da maior fraude eleitoral da história.

E os petistas?

Esses procuram um Lula que não existe mais. O Lula que Ciro amou se transformou no Lula que Renan adora.

E a urna?

Coitada da urna…

 

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