sexta-feira, 22 de novembro de 2024 / 05:34
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“Covid-19: Somos pó e frágeis” – Artigo por Flávia Varela

“Tu és pó e ao pó retornarás”. A pandemia da Covid-19 veio nos mostrar como somos frágeis e pó. Em um sopro, em segundos, são perdidas várias vidas por causa da doença que se alastra em todo mundo. Só no Brasil são mais de 60 mil mortes, sem a possibilidade de velarmos os mortos, e mais de um milhão de casos confirmados.

O vírus não faz distinção entre rico/pobre, bonito/feio, preto ou branco. Ele vem com tudo em um cenário avassalador: não há médicos suficientes, não há remédios, não há aparelhos tampouco infraestrutura adequada. No entanto, existe muito medo. Pavor do desconhecido.

Lembra um pouco o filme “Caixa de Pássaros” quando a personagem principal, vivida por Sandra Bullock, sai às ruas em busca de um caminho para sobreviver com os filhos. No filme, a cidade é dominada por um “monstro” invisível e basta abrir a porta de casa para as pessoas serem aniquiladas. Sandra Bullock (Malorie) e seus filhos estão em um mundo pós-apocalíptico e precisam chegar em um refúgio para escapar do problema, criaturas que ao serem vistas fazem pessoas se tornarem extremamente violentas. De olhos vendados para não serem afetados, a família segue o curso de um rio para chegar à segurança. Quatro anos depois de as mortes terem começado, há poucos sobreviventes em Michigan. Detalhe: os loucos não são atingidos pelo problema.

Assim como no filme, estamos enfrentando um problema, um colapso mundial que ainda não tem data para ser solucionado. A estimativa de alguns cientistas são de até dois anos para achar uma vacina que combata o vírus. Temos que ficar isolados em nossas casas, presos e angustiados torcendo para alguém achar uma solução. Mas, quem? O Governo? A Ciência? Quem poderá nos salvar? Chapolin Colorado?! Oh Senhor amado, nos salve!

A solução, por enquanto, é o isolamento social. Mas, por que é tão difícil ficarmos presos em casa? Explico. É difícil porque somos seres sociáveis. Nascemos para falar, interagir e nos comunicar. A sensação de tolhimento do “ir e vir” é terrível. Gera dor, angústia, depressão, vazio e a consciência da nossa insignificância. Não somos nada. Somos pó.

Queremos ver o sol, a lua, o mar. Queremos nossa vidinha “mais ou menos” de volta. Queremos dar bom dia para os colegas de trabalho. Queremos trabalhar, estudar, dançar, rezar…amar.

Mas, agora, só podemos ir ao supermercado. Nunca foi tão bom ir ao supermercado. Há disputas acirradas no seio familiar para um membro do clã ir ao mercado, padaria ou farmácia. “Hoje, quem vai ao supermercado sou eu”. Isso ocorre porque, nesse instante, vemos que ainda há vida na Terra, mesmo com seres mascarados munidos de álcool em gel.

Está muito dolorido ficar em casa, mas das punições ao longo das guerras e provações do mundo, ficar em casa é a menor. Imaginemos a dor de Anne Frank em plena 2ª Guerra Mundial. Ela passou parte da infância e a adolescência em um anexo secreto com a família e outros estranhos tendo que conviver e se esconder para viver. Foram dois anos de agonia sem ao menos ver a luz do sol.

As perguntas que não querem calar: Vamos ficar dois anos presos até a vacina ser descoberta? Quanto tempo ainda temos? O que fazer nesses dias tenebrosos? Será que depois da tempestade, virá a bonança? E os loucos do nosso tempo? Será que só eles vão sobreviver? Será que eles estão certos? Se trata de uma gripezinha ou estamos em colapso?

Economicamente, o Brasil vai estar quebrado, a população estará “doente” e o mundo vai pedir socorro. Resta saber a quem.

 

Flávia Varela é jornalista, com especialização em gestão de Marketing. Atua como assessora de Comunicação nas áreas de educação, saúde, bem-estar e política há mais de 10 anos.

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