O Estado do Espírito Santo teve exposição nacional no que se refere à crise vivida na Segurança Pública. É a primeira vez que observamos uma categoria paralisar 100% (cem por cento) dos seus serviços por um período tão longo de tempo, no caso específico o da Polícia Militar.
Tal paralisação reproduziu as novas formas de organização que já vem sendo usadas nas greves dos movimentos sociais que lutam por direitos: descentralizada, sem uma liderança definida e afirmando horizontalidade. Foi assim que as mulheres e familiares de policiais “obstruíram” a saída dos quartéis e o resultado foi o aquartelamento e a ausência do serviço de policiamento nas ruas.
Observamos a queda de braço entre Polícia Militar e Governo do Estado, ambos demonstrando pouca disposição ao diálogo. Nesse meio tempo os jornais noticiaram uma onda de crimes que refletiram em prejuízos inestimados para a economia e para o conjunto do comércio no Espírito Santo, além de um aumento expressivo no número de assassinatos.
Às vésperas do carnaval, o turismo deve ser outro setor fortemente impactado pela crise na segurança pública, com a remarcação de passagens e mudança de destino no feriado que, até então, atraiu milhares de foliões as nossas cidades.
A sensação de insegurança, acentuada pela falta de policiamento, fez com que os capixabas se fechassem em suas casas esperando uma solução das autoridades competentes.
Os dias foram passando e as contas atrasando, em certo ponto da paralisação alguns bancos também encerraram 100% (cem por cento) dos seus serviços presenciais.
É interessante destacar que a paralisação da Polícia Militar não eximiu a obrigação de pagar de nenhum contrato realizado, a não ser que no instrumento conste alguma previsão nesse sentido, contudo o bom senso dos comerciantes em negociar juros e facilitar o pagamento em virtude da conjuntura tem sido uma prática recorrente. A companhia distribuidora de energia já anunciou, por exemplo, que irá emitir novamente seus boletos de pagamento quando necessário e isentar os juros referentes ao período da paralização.
A orientação objetiva para quem deixou de pagar algum boleto ou conta em virtude da paralisação é procurar o credor e negociar o pagamento, por tratar-se de um período sem precedentes no Espírito Santo.
Muitos comércios fecharam suas portas de forma definitiva durante a paralisação, foram diversos relatos de saques que causam maiores prejuízos aos pequenos comerciantes. Tais prejuízos devem ser considerados pelo Governo do Estado do Espírito Santo e políticas públicas direcionadas a esse importante setor da economia capixaba.
Para alguns servidores, o colapso na segurança pública fora causado por omissão do governo pelo descumprimento do pagamento da revisão anual dos salários do funcionalismo público. Foi com essa compreensão que um servidor ofereceu denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre supostas omissões, a denúncia será relatada pelo Ministro Barroso.
Diante desta crise sem precedentes, mais do que encontrar “culpados”, teremos, autoridades e sociedade civil, que pensar coletivamente em soluções que apontem no sentido de reparar os prejuízos causados em todo o Espírito Santo.